sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Castelo de cartas

A vida é uma castelo de cartas, viciadas, de um jogo desconhecido. Como desconhecido que é torna-se imprevisto e impreciso.
Cartas velhas dobradas nas pontas de difícil equilíbrio. Ponta aqui, ponta ali tenta-se equilibrar o inevitável, o desmoronamento do castelo.
Cartas viciadas, marcadas pelos dedos do tempo conhecidas de todos mas sem importância para ninguém.
Cartas, pragmaticamente, colocadas, ajeitadas dias e dias sem fim que de um momento para o outro sem nada esperar voam com o vento que não sopra, vento que vai entrando pelas janelas fechadas da vida.
Vida viciada, pragmaticamente vivida que trai quem a vive e que avisa de que nada vale de nada neste todo trocado e atabalhoado amontoado de atos a que chamamos, ironicamente, viver.

Boa noite

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Sentir

 
Sentir o amor vivido em tempos passados sabe a pouco mas é sentir.
Sentir que corrói, que magoa, que não vinga na vida vivida de hoje.
Hoje que apenas é um ontem com uma perspectiva de um amanhã....

Ontem sempre terá sido aquilo que o amanhã será pois o hoje já passou.
Passou voando sem dar conta que o amanhã estava a chegar, mas descansado fico pois o ontem sempre lá estará.
O hoje quase que não existe nesta vida corrida, matreira e vadia. Vida que queima que dói. Vida sofrida devido ao ontem, até porque o hoje já se foi e o amanhã está para chegar.
 
 
 
 

sábado, 11 de outubro de 2014

Direito por linhas tortas

Conhecido é o ditado que Deus escreve direito por linhas tortas.
Nunca discordei, antes pelo contrário ao longo da vida muitas foram as vezes que isso se verificou.
O que eu não compreendo é o porquê. Porquê escrever direito por linhas tortas? Claro que não passa de uma pergunta retórica, sem resposta à vista apenas com a compreensão de cada um a debitar o que lhe vai na alma e coração.
Porquê complicar a vida das pessoas? Para aprenderem com os erros? Para que possam transmitir uma boa educação aos seus filhos? Tantos porquês sem resposta!!!!!
Eu, sinceramente, acredito que é nas entrelinhas que devemos ler esta escrita direita em linhas tortas. Certamente nem tudo fará sentido. Será como um puzzle, um puzzle da vida complexo, moroso de concluir mas exequível.
Poderiam as cosias serem mais simples, certamente que mas talvez não fosse a mesma coisa. Não, não é uma piada ao anúncio. é mesmo o que sinto. Acredito que ter tudo de bandeja não nos ensina a estimar e a dar valor ao que temos e ao que perdemos pela vida fora.
Também acredito no destino e acho que o significado deste "escrever direito por linhas tortas" terá um pouco, ou muito, a ver com o destino. Com o que hoje desaparece da nossa vista mas que sempre lá esteve invisível aos nossos olhos e que um dia reaparece como que saído não sabemos bem de onde e todo o puzzle fica completo, finalmente.
Muitos dizem que a vida são dois dias e o Carnaval são três e que a vida é para ser vivida, aproveitada ao máximo, claro que conscientemente. Eu sou dessa turma. Acredito que não devemos deixar para amanhã o que podermos fazer hoje a não ser que saibamos que amanhã saberá muito melhor. Nem sempre fui assim mas já tive muitos dissabores por causa disso.
Porém nem tudo é um mar de rosas aliás por vezes tudo é uma mar de espinhos dos quais temos que nos desviar e fugir. Temos que ter a atitude certa na altura certa e da maneira mais certa possível, sendo certo que nem sempre haverá maneiras certas para fazer e decidir certas coisas da nossa vida. Mas acima de tudo temos que ser felizes quando finalmente temos a peça do puzzle que faltava e nunca mas nunca mais perder essa peça pois as linhas onde Deus escreve podem-se tornar mais tortas, turvas e incompreensíveis o que não será nada bom.

Boa noite

Miguel Marques

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Solidão

Sinto-me só, estranhamente só.
Rodeado pela multidão, mas só,
Como uma ilha longínqua rodeada pelo mar da solidão.
Tão só que posso gritar que não serei ouvido.
Sussurro, então, como que um gemido.
É o bastante para soltar o que vai no coração.

Temo que a solidão se prolongue
Num infinito mar de dias.
A minha cabeça, ainda, impede que tal se alongue
Mas pouco tempo resta. Fosse eu um Golias!!!

Caminhando vou, sozinho, no meio do nada,
Um nada cheio de tudo, vazio de vazio.
Perdendo a noção do que sou caminho em vão numa vida parada.
Parada está ela e parado estou eu, a multidão que era mar agora é rio.
Quero chegar a um porto seguro,
Mas para isso tenho que saltar o muro.

O muro é barreira que trava a passagem.
Impede a travessia para a outra margem.
Lugar bonito cheio de gente.
Quem dera puder encará-la de frente.

Miguel Marques